O assunto é sério, mas ainda é um tabu. O suicídio mata uma pessoa a cada 40 segundos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Por ser uma das causas de mortalidade mais altas do mundo, a Associação Internacional para Prevenção do Suicídio, em conjunto com a OMS, instituiu, em 2003, a data 10 de Setembro como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.
A Campanha Setembro Amarelo surge, assim, como uma necessidade de falar sobre o assunto de forma mais direcionada e eficaz. O objetivo é promover a conscientização sobre a problemática e quebrar os preconceitos que impedem o enfrentamento.
Confira: Estudo sobre tentativas de suicídio no Brasil
Mas, em primeiro lugar, é importante entender quais são as causas mais frequentes do suicídio. Segundo Mirian Conrado, psicóloga responsável pelo Núcleo de Apoio Psicopedagógico (NAP) da Medicina FTC de Salvador, os principais causadores do suicídio são os transtornos mentais, como a depressão, esquizofrenia e bipolaridade, por exemplo. Outros fatores do dia a dia também podem ser gatilhos para a fatalidade, mas, a maioria dos casos estão ligados aos distúrbios.
Uma das informações que Mirian destaca é que as tentativas entre os homens costumam resultar em mais mortes do que entre as mulheres. Isso porque os homens usam de artifícios mais fatais nas tentativas. Mas, independente de sexo, cor ou classe social, todas as pessoas que pensam em cometer suicídio dão sinais.
“A própria Organização Mundial de Saúde considera hoje o suicídio como um problema de saúde pública. Por isso, é preciso que a gente esteja atento aos sinais. Um pessoa que diz ‘ah eu quero morrer’, pode ser comum e da boca para fora, mas se a pessoa diz ‘eu quero me matar’, é uma coisa que precisa prestar atenção”, explica Mirian.
“Não aguento mais”, “Não quero mais viver” ou “Nada faz sentido para mim” são outras frases que podem ser ditas. Os ouvidos precisam estar atentos para acolher.
Nem sempre um pedido de ajuda de pessoas que podem estar pensando em suicídio vai ser explícito. Por isso, é necessário se atentar também às mudanças comportamentais:
1 – Se a pessoa começou a se isolar muito, por exemplo, deixando de ir à escola ou faltando ao trabalho com regularidade, ou ainda evitando encontrar muitas pessoas com quem compartilhava momentos;
2 – Começou a demonstrar desinteresse às coisas que costumava e gostava de fazer.
3 – Comer muito mais ou muito menos pode ser outro sinal de distúrbio ou transtorno psíquico. A alimentação deve ser levada em conta.
4 – Dormir além do que costuma ou passar a ter insônia e irregularidades no sono também pode ser um dos sinais.
5 – Se tornar mais agressivo é um alerta. Principalmente nos casos dos jovens, a depressão, algumas vezes, se confunde com a agressividade.
6 – Irresponsabilidade – Caso a pessoa passe a ter comportamentos irresponsáveis e/ou perigosos para consigo, como o abuso de álcool, drogas ou sexo, por exemplo.
Assista ao vídeo que preparamos sobre a problemática:
Transtorno mental não é frescura! Talvez você já tenha ouvido ou lido isso em inúmeros lugares. E é importante que, para ajudar na prevenção ao suicídio, todo mundo passe a combater a ideia de “frescura”.
A forma como o núcleo familiar reage aos sinais dados por uma pessoa que está pensando ou planejando tirar a própria vida é essencial para evitar a fatalidade. Na maioria das vezes, a psicofobia, que é o preconceito com pessoas que têm transtornos mentais, prejudica, e muito, no combate ao suicídio.
Entenda: Psicofobia: Por que Saúde Mental ainda é um tabu?
Segundo a psicóloga Mirian Conrado, é importante que neste momento os familiares e amigos não “deixem para lá”. O ideal é buscar entender a situação. “Não dá para achar que é uma fase ou que a pessoa vai conversar com um amigo e a situação vai ser resolvida. É importante que a família pergunte, ‘porque você está dizendo isso?’ ou ‘no que você pensa quando você diz isso’ e estar à disposição, para que possam buscar ajuda profissional juntos".
Aceitar que um indivíduo tenha problemas de saúde mental e que faça o tratamento adequado é uma das ações transformadoras, tanto para o bem estar social da pessoa com transtorno mental, quanto para evitar que estas pessoas se sintam desoladas e deslocadas o suficiente para pensar em não continuar vivendo.
Por isso, o papel da família é muito importante. Auxiliar e respeitar as condições físicas e psíquicas de familiares que precisam de ajuda profissional é ser um porto seguro para que essas pessoas saibam quando e onde procurar ajuda.
A ajuda de um profissional apto para lidar com a situação – seja um psiquiatra ou um psicólogo – é indispensável! Existem diversos espaços de ajuda a serem buscados tanto por familiares quanto por pessoas que percebam que precisam:
Os cursos de Psicologia da Rede FTC também oferecem atendimento gratuito! Se você sente que está precisando, não tenha receio de entrar em contato. Procure uma das opções citadas. Você não está sozinho!