A Medicina Baseada em Evidências (BEM) é um termo usado para determinar que as decisões clínicas da medicina devem ser embasadas em evidências obtidas a partir de trabalhos científicos. Ou seja, tudo tudo na Medicina é baseado em evidências.
Segundo o professor e coordenador científico da Medicina FTC, Luiz Fernando Quintanilha, a MBE se relaciona com a capacidade de os profissionais médicos exercerem sua prática clínica embasada sempre na melhor informação científica disponível. Assim, a inquietação que faz um cientista é justamente o que faz a Medicina evoluir. “Neste exato momento, em toda parte do mundo, tem gente pesquisando novos medicamentos, tratamentos, modelos matemáticos que permitem, em conjunto, o avanço da Medicina”, afirma Quintanilha.
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E que fique claro, a ciência não é apenas importante porque traz alguns resultados para a área médica. Como explica o professor e coordenador científico da Medicina FTC, Bruno Bezerril, a ciência dá base para a prática médica.
“Toda prática médica é baseada em ciência. Tudo o que nós fazemos, porque nós entrevistamos nossos pacientes da maneira que nós fazemos, porque que examinamos os pacientes daquela maneira, porque damos aquele remédio e não outro e porque eu peço aqueles exames laboratoriais e como eu interpreto os exames laboratoriais, todas essas ações são baseadas em conhecimento gerados a partir de cientistas médicos que estavam interessados em compreender a fisiologia humana”, explica Bezerril.
Para que a atuação médica tenha a qualidade necessária e seja eficiente no tratamento ou na prevenção, é preciso levar sempre em consideração os resultados das pesquisas realizadas.
Durante a pandemia, por exemplo, a Medicina Baseada em Evidências teve um papel fundamental. Foi com muita pesquisa - e em um espaço de tempo muito curto - que o mundo recebeu em um ano, pelo menos cinco vacinas para o combate a Covid-19.
E as pesquisas continuam, tanto para novas vacinas, quanto para entender os efeitos destas na população, sobre a chamada imunização por rebanho, sobre as novas cepas etc. A ciência nunca para.
Mas, um fator preocupante chamou a atenção durante a pandemia. Em tempos de notícias instantâneas, diversas informações foram compartilhadas com conteúdo falso. Segura esse forninho!
As já conhecidas Fake News, atrapalham o progresso da pesquisa científica, já que, por conta delas, algumas pessoas diminuíram sua confiança nas produções realizadas pela ciência.
Segundo Quintanilha, a pandemia escancarou a importância da pesquisa científica e a necessidade da constante atualização dos profissionais de saúde e ainda deu a dica:
“A melhor forma de não cair em fake news é, antes de tudo, checar as fontes das notícias e talvez ainda mais importante que isso, ter uma formação científica sólida para sempre criticar, no bom sentido da palavra, as evidências que se apresentam”. Não dá para cair em tudo que a gente recebe por whatsapp, não é?
Assim, a Medicina FTC tem buscado cada vez mais a valorização da ciência e a pesquisa científica vem crescendo cada vez mais na Medicina FTC. Dessa forma, a Medicina Baseada em Evidências faz parte do ensino da instituição.
“Recentemente a gente descobriu o óbvio, nosso corpo docente e discente tem um potencial científico incrível antes pouco explorado. Com o apoio da presidência e da coordenação geral nós implantamos uma série de mudanças com dois objetivos principais: Aumentar a quantidade e a qualidade das produções científicas do curso de medicina; E formar médicos ainda mais capacitados cientificamente justamente para poderem exercer a medicina baseada em evidências. Nossos resultados são extremamente animadores”, afirma o coordenador científico, Quintanilha.
Entenda a pesquisa científica da Medicina FTC através do relato de alunos egressos que produziram diversos materiais na IES, em parceria com a Fiocruz:
Eu comecei a me envolver com pesquisa no terceiro semestre da graduação, eu tinha uma matéria de patologia com o professor Bruno [Bezerril] e a partir daí eu fui me envolvendo cada vez mais. Passei a fazer parte do grupo que ele lidera e fui me aprofundando, me inteirando e me aperfeiçoando aos poucos nos vieses da ciência.
De forma Geral as pessoas não entendiam muito bem porque eu fazia medicina e me envolvia tanto com a pesquisa científica. Na própria Fiocruz as pessoas envolvidas na ciência não eram médicas, eram pessoas de outras ciências biológicas. Mas, eu acho que agrega muito o desenvolvimento da ciência médica porque é a partir daí que surgem as questões de relevância clínica e intervenções terapêuticas que vão, no futuro, mudar os desfechos do que a gente ainda não tem.
Meu primeiro contato com a ciência veio na faculdade, nas aulas de metodologia científica que na época existiam desde o primeiro ano do curso de medicina e eu acabei me envolvendo com a as ligas acadêmicas extracurriculares e em trabalho de projeto para levar para congresso com professores.
Eu tinha me escrito no programa de Ciências sem Fronteiras e fui selecionado na primeira etapa, mas como era o último ano do programa eles acabaram cortando alguns alunos, entre eles, eu. Mas no ano seguinte, eu acabei conhecendo o Bruno [Bezerril] e tive a oportunidade de estar na área de desenvolvimento de pesquisa. Fui selecionado para trabalhar no grupo dele e comecei a fazer projetos na área de tuberculose e diabetes, primeiro em projetos clínicos e depois um pouco mais avançados na área de ciência básica.
Então eu tive várias experiências relacionadas a essa parte da ciência, tanto envolvendo desde a faculdade até as atividades extracurriculares como as ligas e como bolsista da Fiocruz com orientação de Bruno.
Para mim, a medicina não é só o cuidado com o paciente, porque esta é também uma área que é diretamente relacionada a ciência já que as pesquisas são importantes para a gente conseguir realizar o cuidado básico com o paciente.
Eu acho que é importante, mesmo que o estudante de medicina não tenha a ambição de se tornar um pesquisador, que ele conheça o meio para entender como é que funcionam as coisas. Até para escolher um tratamento a gente precisa ter se conhecimento para fazer o melhor pelo paciente. A gente depende não só da parte de inovação, mas também na parte de análise do que a gente vai fazer.
O reconhecimento pelo trabalho resultou em alguns prêmios para o médico Leonardo Santana. Ele ganhou ganhou como terceiro melhor projeto de tuberculose, pela Fiocruz e o também levou o prêmio Professor Dr. Roberto Santos, pelo trabalho desenvolvido no seu primeiro ano de Iniciação Cientifica (2015- 2016). A honraria foi entregue, inclusive, pelas mãos do médico e ex-governador da Bahia, Roberto Santos, na Associação Bahiana de Medicina (ABM).
Além disso, ainda publicou mais de sete artigos em revistas originais internacionais e ganhei o prêmio de melhor TCC trabalho de conclusão de curso em 2018.